Talking Heads

05/07/2013 09:58

 

De uma certa maneira, eu consigo enxergar alguns pontos em comum entre minha banda número um, o New Order, e uma das que figuram no meu atual Top 5, os Talking Heads. (1) Os Heads também são muito mais lembrados e julgados pelo grande público pelos seus hits do que pelo conjunto de sua excelente obra; (2) Na década de 1980 eles agradavam tanto a turma dos alternativos como o público médio de música pop; (3) Emplacavam sucessos nas rádios e, ainda assim, eram respeitados e admirados pela crítica; (4) Usavam roupas comuns do dia-a-dia e pareciam pessoas normais; (5) Faziam um som dançante (só não era eletrônico).

 

Nunca fui particularmente interessado no funk e no soul originais, bem como na música negra em geral (e não tem nada a ver com racismo), mas sempre gostei do que artistas brancos fizeram com a "usurpação" desses sons. Justamente por não soar idêntico à fonte, porque acaba "borrado" ou "manchado" nas mãos de músicos que têm um feeling musical (e de vida) totalmente diferente, fica interessante. Vide Can, David Bowie, A Certain Ratio, The Clash... e Talking Heads. No caso deles, desde o início as influências da música pop negra se mostravam presentes, mas também introduziam algumas doses de música avant-garde (talvez pelo fato do vocalista e guitarrista David Byrne ter tido uma passagem pelo métier das artes). 

 

Já gostava deles desde os anos 80, mas somente agora resolvi prestar a atenção de fato no que eles produziram e perceber sua real importância. Até então, os hits como "Road to Nowhere", "The Lady Don't Mind", "She Was", "Wild Wild Life" e o álbum Speaking in Tongues por inteiro já me bastavam. A coisa mundou de figura faz uns três ou quatro anos, quando ouvi de cabo a rabo pela primeira vez o début da banda, Talking Heads: 77. Pronto, daí em diante descobri um "outro" TH. E isso fez uma grande diferença. Depois foi a vez de ouvir, por completo, Remain in Light e Little Creatures, e então percebi que antes eu achava que gostava de Talking Heads e que agora eu gosto de verdade. Eis que no finalzinho do ano passado eu comprei o box-set Brick, de 2005, com todos os álbuns de estúdio oficiais, de Talking Heads:77 a Naked (lançado em 1988), lançados em versão dual disc - discos de dupla face que trazem, de um lado, os CDs remasterizados acrescidos de faixas bônus, e, de outro, DVDs com os álbum remixados em 5.1 Surround (sem os bônus) e vídeos. A caixa é feita em plástico rígido, com o nome da banda, dos discos e de todas as canções escritos em alto relevo. Faz falta um livreto. As informações e as fotos foram restrias aos encartes dos CDs. Ainda assim, é show de bola. Para completar a fase Talking Heads, eu comprei a edição deluxe da trilha sonora do filme-show Stop Making Sense, de Johnathan Demme (que já dirigiu o vídeo de "Perfect Kiss", do New Order!) e o DVD Chronology, que reúne clipes de apresentações ao vivo. Que fase!

 

 

Continuo gostando dos grandes sucessos (pelo menos aqueles que estouraram aqui no Brasil), é claro. Mas agora, não me canso de ouvir "Born Under Punches", "Cities", "Pulled Up", "No Compassion", "Warning Sign", entre outras...