"Reflektor", o novo do Arcade Fire.

14/12/2013 13:01

 

Anteontem recebi na portaria do condomínio um pacote que esperava há mais de dois meses. Nele vinha escrito à mão e com tinta de caneta tipo pilot os dizeres "vinyl + CD". O porteiro já se habituou a me entregar pacotes assim desde que me mudei para esse prédio e geralmente eles vêm recheados com algum itens novos (ou raros) do Joy Division ou do New Order. Mas não desta vez. A embalagem parda veio do Canadá e trouxe espécimes que agora fazem parte de uma outra coleção.

 

O correio me trouxe um pouco mais de Arcade Fire, o hepteto indie canadense que tocará no Lollapalooza Brasil em 2014 no mesmo dia que o New Order e que conquistou crítica e público com canções que conseguem ser, ao mesmo tempo, simples e sofisticadas, com seus integrantes multi-instrumentistas (mas que não são dados a virtuosismos ególatras - aleluia!!!) e com seus shows empolgantes. Ah, sim, mas o que veio afinal no pacote? O single em vinil de 7" de "Wake Up", a e edição deluxe (CD + DVD) do álbum The Suburbs e o bolachão de 12" lançado para o Record Store Day do ano passado com os remixes de Damian Taylor para "Sprawl II (Montains Beyond Montains)" e "Ready to Start".

 

Mas o que anda fazendo minha cabeça mesmo é o novo álbum (duplo), Reflektor, lançado em outubro deste ano. Mais um trabalho brilhante, para variar. O dedo do produtor, James "LCD Soundystem" Murphy, se fez notar com muita facilidade na faixa-título, que também conta com vocais de apoio do mestre Bowie, e na excelente "Afterlife" (a segunda música de trabalho do CD). Aliás, em Reflektor o Arcade Fire mergulhou para valer nas experimentações eletrônicas, algo que já se insinuava de forma discretíssima em uma ou outra faixa do trabalho anterior. Mas o novo disco vai além e mostra que o grupo liderado pelo casal Win Butler e Régine Chassagne tem uma variada paleta de timbres, texturas sonoras, melodias e harmonias criada a partir da assimilação do que melhor se produziu em matéria de música pop nas últimas décadas: de Beatles a Joy Division, de Peter Gabriel a Talking Heads, de David Bowie a The Cure, de Roxy Music a Echo & The Bunnymen.

 

Agora é contar os meses e os dias até 05 de abril do ano que vem... Melhor, impossível: New Order e Arcade Fire no mesmo dia. O que mais eu poderia querer? (quem sabe Bernard Sumner dando canja no show do Johnny Marr cantando alguma música do Electronic?)