Mais um "novo" CD ao vivo de Peter Hook and The Light com "Unknown Pleasures" na íntegra

01/10/2011 11:40

Peter Hook continua passando a sacolinha. No ano passado, para promover a turnê de sua banda-tributo ao Joy Division, o The Light, com a qual vem tocando o LP Unknown Pleasures na íntegra, lançou pelo selo Abbey Road Live Here Now o álbum Peter Hook’s The Light Perform “Unknown Pleasures” Live at Vintage at Goodwood, distribuídos nos formatos CD e MP3 no esquema de mail order apenas no site da gravadora. O disco ganhou, inclusive, uma resenha aqui no site N.O. Way. Mas o ex-baixista do Joy e do New Order resolveu atacar novamente e, para amealhar mais alguns trocados com sua tour saudosista, acaba de lançar este Unknown Pleasures: Live in Australia pela Pylon Records, disponível nas melhores casas do ramo (apenas lá fora, é claro).

Live in Australia ganhou dois formatos, CD e LP duplos, sendo que o bolachão foi prensado em vinil transparente vermelho. O álbum traz o registro de dois shows realizados em Melbourne, Australia, em setembro do ano passado: um no The Palais e outro no Enmore Theatre. O novo disco se concentra, naturalmente, na performance de Unknown Pleasures, assim como o antecessor Vintage at Goodwood (embora ambos incluam, também, canções que foram originalmente lançadas em singles em EPs). Mas quem espera encontrar mais do mesmo, precisa afinar bem os ouvidos antes de se lançar em Live in Australia

À exceção de “Warsaw” e “Failures” (que dão o ar da graça neste lançamento) e “Atmosphere” (que ficou de fora agora, mas que fazia parte do CD anterior), o setlist dos dois álbuns é praticamente o mesmo, naturalmente. Entretanto, em Live in Australia é possível se notar que a banda já está um pouco mais entrosada e afiada – afinal, um pouco mais de um mês separa o show no Vintage at Goodwood, na Inglaterra, e as apresentações em Melbourne, e o tempo na estrada é sempre um aliado dos músicos. A diferença pode se fazer sentir logo nas primeiras faixas, “No Love Lost”, “Leaders of Men”, “Glass” e “Digital”.

Um dos grandes destaques do “irmão mais velho” de Live in Australia era a participação da cantora Rowetta, ex-Happy Mondays, nos vocais de algumas músicas, como “Insight” e “New Dawn Fades”. Desta vez todas as canções são cantadas por Hooky, que tem suas limitações. Embora seu timbre grave seja adequado para as canções do Joy Division, sua atuação como vocalista é irregular. Em alguns momentos sua voz soa segura e firme; em outros, vacilante (no bloco final, já soa um tanto roufenha e desgastada). Mas, como todos sabemos, seu talento está nas quatro cordas, embora ele venha dividindo cada vez mais a função de baixista com seu filho, Jack Bates, um dos integrantes do The Light.

E já que falamos na sequência final, parece que Hooky e seu The Light realmente não estavam dispostos a deixar ninguém parado, sobretudo após uma performance entorpecente da depressiva “I Remember Nothing”. Sacaram, então, em seguida, duas pedradas do começo ainda punk do Joy Division, as já mencionadas “Warsaw” e “Failures”, tocadas com peso e fúria (dá para imaginar os australianos pogando). Mas, para terminar com chave de ouro, não poderia faltar os hits: “Transmission” e “Love Will Tear Us Apart”.

Trocando em miúdos: Live in Australia mostra que o The Light de Peter Hook está “voando baixo” (com trocadilho, por favor!) e que o show-tributo ao JD já está redondinho. Se a empreitada não passa de um caça-níquel, isso é outra história. De qualquer maneira, Hooky tem o direito de tocar o material do Joy, cuja obra ele é coautor, e o tem feito com qualidade técnica e musical pelo menos. Por ou não seu dinheiro na sacolinha saudosista do baixista vai da consciência de cada um.