Joy Division

"Foi horrível. Foi como uma batida de automóvel. Meu Deus, jamais tinha visto algo parecido na minha vida! Vi muitos grupos, Deep Purple, Led Zeppelin... Mas jamais vi algo tão caótico ou emocionante. E rebelde. Asim me senti. Eu só queria quebrar tudo". (declaração de Peter Hook sobre o show dos Sex Pistols no Lesser Free Trade Hall, Manchester, em 04 de junho de 1976, dada no documentário "Joy Division", de Grant Gee, em 2007).
 
"Era um escândalo. Pensava 'Eu posso fazer isso! Eu posso fazer isso!'." (declaração de Bernard Sumner sobre o mesmo show dos Sex Pistols, também dada no documentário "Joy Division", de Grant Gee, em 2007).
 
"Nessa noite formamos uma banda... É fácil. 'Formemos um grupo!'. Todo o resto é que é difícil. Fomos ver o segundo concerto dos Sex Pistols, o qual os Buzzcocks tocaram antes... e então estávamos nisso". (Peter Hook, encerrando o assunto sobre o show dos Sex Pistols no documentário "Joy Division").
 

Tony Wilson (20.02.1950 - 10.08.2007), ex-apresentador de TV e mentor da mítica Factory Records, disse "Não vejo a história do Joy Division como a história de um grupo pop. Vejo como a história de uma cidade que uma vez foi brilhante, audaciosa e revolucionária. Então, uns trinta anos depois, tornou a ser brilhante e revolucionária novamente. E no coração dessa transformação havia muitos grupos... e um em particular". Wilson está se referindo a Manchester, cidade ao norte da Inglaterra que teve um papel cabal durante a Revolução Industrial e que, em meados da década 1970, era um centro urbano destroçado, decadente, deteriorado. Não era um momento e lugar salubres para qualquer um, principalmente para os jovens. Por isso, o punk representou para a juventude mancuniana uma importante válvula de escape. 
 
O Joy Division se destacou naquela cena justamente porque traduziu em versos e sons a paisagem e o espírito de seu entorno melhor do que qualquer outro grupo. Curiosamente, apesar de terem surgido em meio a um "movimento" local, pareciam estar à margem dele. O guitarrista Bernard Sumner assim resume: "Estávamos sós em nossa própria ilha. Nos assegurávamos que o que estávamos fazendo soava bem. Não prestava a atenção no que os outros faziam". Aliás, foi Tony Wilson quem descreveu de forma precisa de que maneira o Joy Division se tornou um marco divisório: "O punk te permitia dizer 'foda-se', mas de alguma forma isso não poderia ir muito longe, era uma simples frase raivosa de duas palavras que era necessária para reacender o rock'n roll. Mais tarde alguem ia querer dizer 'eu estou fodido' e este alguem foi o Joy Division, usando a energia e a simplicidade do punk para expressar emoções mais complexas". Mas, como a desconstrução de mitos sempre foi uma especialidade desses notáveis músicos autodidatas, eis uma frase do baterista Stephen Morris que dá uma outra tonalidade ao JD: "Não tínhamos a intenção de fazer uma música maravilhosa. Nós só queríamos ser notados".